Economia Circular
“Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”
Antoine-Laurent de Lavoisier
Lei de Lavoisier | Lei da Conservação da Massa
A Economia Circular representa um paradigma económico inclusivo que visa minimizar a poluição e o desperdício, prolongar os ciclos de vida dos produtos e permitir uma ampla partilha dos bens físicos e naturais. Pauta-se por uma economia competitiva que crie empregos verdes e decentes e mantenha a utilização de recursos dentro dos limites planetárias.
A Economia Circular surge como um conceito económico regenerativo que associa o desenvolvimento a um melhor uso dos recursos naturais, por via de novos modelos de negócio e da mínima extracção de matérias-primas essenciais, da optimização dos processos produtivos, da maximização do uso dos materiais - originando insumos mais duráveis, recicláveis e ou renováveis -, perpetuando ciclos de reconversão de recursos e de redução de desperdício.
Promove:
- Um quadro de solução de sistemas que aborda desafios globais como as alterações climáticas, a perda de biodiversidade, os resíduos e a poluição.
- O repensar da forma de desenhar (design), projectar, produzir e comercializar produtos e serviços com o objectivo de garantir o uso - eficiente, eficaz e optimizado - e a recuperação inteligente e responsável dos recursos naturais.
- O aperfeiçoamento do sistema económico actual, que visa um novo relacionamento com os recursos naturais e a sua utilização pelas indústrias manufactoras, produtivas, de serviços, organizações e sociedade em geral.
- Uma proposta de valorização e retenção de valor dos recursos utilizados, e regeneração do meio ambiente, que busca produzir sem esgotar os recursos naturais e sem poluir o meio ambiente sob o intento maior de preservar o planeta.
Economia Circular vs. Economia Linear
No modelo económico (ainda) predominante, os materiais são extraídos da Terra (matéria-prima virgem), depois são processados e transformados em produtos para, no fim, serem, eliminados enquanto “desperdício” - processo linear.
À escala global, a economia tem-se baseado neste modelo linear assente em excessivas quantidades de matérias-primas essenciais, materiais acessíveis e fontes de energia que parecem inesgotáveis. Este desempenho pressupõe que os recursos naturais estarão sempre disponíveis e em abundância, e que quando os produtos terminam o seu ciclo de vida são eliminados como resíduos, vulgo “lixo”.
O processo linear começa a atingir os seus limites físicos e a sofrer desajustamentos, principalmente devido a fatores que o tornam insustentável e de concretização onerosa:
- Degradação dos habitats - matérias-primas que escasseiam e cujo preço e volatilidade aumentam;
- Risco económico-financeiro - agravamento do preço dos alimentos e das “commodities” (transição energética e fatores climáticos como o stress hídrico, etc.)
- Riscos na cadeia de distribuição e fornecimento (globalização)
- Tendências regulatórias
- Surgimento de modelos de negócio alternativos
- Avanços tecnológicos
- Urbanização
Neste contexto, a Economia Circular surge como solução alternativa ao modelo linear, para responder à imperiosidade de um crescimento económico, social e ambientalmente sustentável.
Passagem do paradigma “take-make-dispose” para “take-make-use-regenerate”.
A economia circular pressupõe a redução máxima da produção de resíduos como um dos seus objetivos principais, a par com a criação de valor em todas as fases do ciclo de vida de um produto ou serviço e o uso sensato dos materiais e fontes de energia. Assenta em três princípios, impulsionados pelo design e que promovem a devolução dos materiais ao processo produtivo:
- Regenerar a natureza
- Eliminar o desperdício e a poluição
- Circular produtos e materiais (ao seu maior valor)
É sustentada pela transição para as energias e materiais renováveis, bem como pela evolução tecnológica e digital. A economia circular dissocia a actividade económica do consumo de recursos finitos. É um conceito sistémico resiliente, responsável, inovador, empreendedor e benéfico para os negócios, as pessoas e o ambiente.
- Repensar - precisamos mesmo?
- Recusar embalagens, produtos desnecessários
- Reutilizar cada objeto ou produto para outro fim
- Reaproveitar/reparar cada objeto avariado e tentar dar nova vida/uso, antes do descarte
- Reduzir o consumo, as embalagens, o desperdício
- Recuperar - valorização energética, compostagem de resíduos orgânicos
- Reciclar - separação de resíduos para posterior reencaminhamento para centros e ou fileiras de reciclagem
Aprender com o ciclo da natureza
- Design de produtos e serviços projetados para vários ciclos de vida, economicamente viáveis e ecologicamente eficientes. Conceção ou redesenho de produtos com maior durabilidade e menor utilização de recursos.
- Redução de substâncias tóxicas, promoção da eficiência energética (fontes de energia e recursos hídricos) e de materiais e reutilização dos subprodutos - primeiros “desperdícios”.
- Logística partilhada de redes de distribuição, menor pegada carbónica no transporte, utilização de materiais recicláveis e redução do sobre embalamento.
- Eficiência energética, maximização da vida útil do produto e optimização da reparação e reutilização
- Recolha ou eliminação Dinamização de redes/ centros de retoma, reutilização, remanufactura e ou reciclagem.
Upcycling » reconversão de resíduos em novos materiais ou produtos de maior valor acrescentado
Downcycling » reconversão de resíduos em novos materiais ou produtos de menor qualidade ou funcionalidade reduzida.